Primeiro Encontro




Liguei pra Vivi e marcamos um reencontro. Eu, ansioso. Ela é uma garota incrível, pelo menos pra mim. Adoro o seu olhar e o seu sorriso... Ah, o seu sorriso! Isto me deixa quase hipnotizado. Cabelos escuros, mas ela sempre varia de azul, vermelho, marrom... Bom eu não entendo destas cores; pra mim são sempre escuros. E o que eu mais gosto nela é: Ela. Sua personalidade e seu comportamento são algo que me fascinam. O único problema sou eu. Não sou nenhum galã. Muito pelo contrario. Nem gosto de me descrever, pois me acho... Diríamos fora dos padrões e meio desajeitado. Mas isto não importa...
Coloco uma roupa nova; hoje é especial: é nosso primeiro encontro marcado; vou passar em sua casa e, provavelmente terei a inevitável oportunidade de conhecer seus pais. Quero causar uma boa impressão. Confesso que me sinto um pouco nervoso, mas não é sempre que uma menina tão, tão... Especial, se interessa por mim. Até comprei um paletó. Um paletó usado, claro, mas em bom estado. Uma gravata preta e sapatos lustrados. Acho estranho porque não tenho o habito de andar engomado. Comprei perfume também. Na verdade é desodorante, porque perfume mesmo é muito caro.
Passo na oficina que fica há umas duas quadras de casa pra pegar o carro. Tenho um fusca azul escuro que comprei há alguns meses por um preço bem razoável: quinhentos reais! Esta é a primeira vez que me deu problemas mecânicos. Eu gostaria de entender de motores para economizar com estes gastos. Aproveitando a oportunidade, eu pedi para que fizessem uma limpeza interna, já que tem uma lavação ao lado da oficina. Eles botaram até perfume no carro. Desde que comprei, ainda não havia experimentado tamanho luxo. O bichão está prontinho pra noite. O único problema é que as travas da porta ainda estão com problemas, então eu preciso tirar o volante sempre que saio. Tiro o volante e escondo sob o banco. Isto me dá um pouco mais de segurança. É melhor do que ter de voltar pra casa a pé. Falando nisso já lembrei: vou aproveitar pra colocar uns 10 contos de gasolina. Vão sobrar 80 para o resto da noite.
Ate compraria flores, mas se fizer isso eu vou ficar sem dinheiro.
Puta que pariu! Rosas são mais caras que gasolina!
Na pracinha da prefeitura tem flores, mas são muito feias. Vou roubar em algum quintal... Poxa, tenho ate fita adesiva no porta luvas para preparar o buquê... espero encontra-las.
Por sorte passo em frente a uma casa fechada e sem cercado. Um jardim bonito. Escolhi algumas flores que achei mais bonitas e corri para o carro que estava uma quadra adiante. Confesso que sentia um frio na barriga. Roubar flores não é uma das coisas mais bonitas a se fazer. Peguei alguns galhos de folhagens verdes para dar mais volume ao “buquê”, passei a fita e ficou prontinho. Quase perfeito. [Eu disse: QUASE.].

Estaciono em frente a sua casa. Cercada por grades na frente, há um bonito gramado no jardim, também florido, que deve ser uns trinta centímetros acima da calçada. Casa de dois pisos, grande. Fico até meio constrangido de estacionar um fusca em frente da casa. Sei lá, é estranho. Comparada a minha casa, é uma mansão e também ela deve ter pretendentes ricos. O que me provoca um pouco de insegurança... Pego a garrafa de conhaque no banco traseiro e bebo um ou dois tragos pra aliviar a tensão. Espero alguns segundo e pronto: sinto meu rosto quente, os músculos relaxam, a ansiedade diminui... Cato mais umas flores no seu próprio quintal pra “embromar” mais o buquê... Antes mesmo que eu toque a campainha ela já está abrindo a porta toda sorridente. Deu um frio agora, espero que não tenha me visto roubando flores no seu quintal...
Esta com um vestidinho curto de alças, florido e leve. Simples, mas muito elegante [e sexy, também.]. Eu gostaria de elogiar isso... Não sei como... Então apenas entrego as flores. Ela me abraça calorosamente como se estivesse com saudades e eu já fico de barraca armada, mas tento disfarçar. Seu perfume é delicioso.
- Que bonitas! Parecem com aquelas plantadas no quintal do meu tio, a umas duas quadras daqui. – Eita porra, que coincidência não tem limites mesmo. Fui roubar logo da casa do tio dela. E ainda larga uma gracinha:- Você não roubou de lá, né?! – risinhos.
- Não. Imagine...
- Quer entrar? – convida toda receptiva. Tento recusar, mas sua mãe aparece e insiste também. Acabo por entrar e me acomodar no sofá em frente a TV. Sua mãe vai a cozinha e nos deixa a sós nesta sala. Que merda! Gostaria de voltar correndo no carro e beber mais uns goles... Faço algumas perguntas superficiais e depois ficamos em silencio. Ela também está nervosa, diz que vai por as flores em alguma botija com agua, digo que está tudo bem e então me deixa com a TV. Eu contaria como nos conhecemos, mas isto não seria muito interessante. E antes que perguntem, sim, já nos beijamos. Mas agora é diferente, parece que estamos apenas iniciando algo.
Assim começou esta noite. Uma garota que lhe aprecia. Creio que nada seja mais satisfatório a um homem do que sentir-se desejado pela garota a quem está cortejando...


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