Nota #06

  Estou me sentindo um trapo. Não sei que direção seguir. Mas vejo que a atual direção não está me ajudando a progredir. Sou mais velho que a maioria das pessoas com quem eu convivo e me sinto inferior a elas. É assim que me sinto. Na verdade, é assim que sou: inferior a todos os outros.
  Apesar de serem mais novos que eu: Todos têm mais dinheiro e, são muito mais inteligentes. Ou eu que sou burro. Sim, a cada dia percebo minha estupidez e sinto que fico cada dia mais estúpido parecendo que estou descendo meu nível sempre que conheço uma pessoa nova.
  Gostaria de ser bom em alguma coisa, mas não sou. E o grande problema é que minha auto-estima já foi pro saco. Não tenho confiança nem para conversar com uma garota oito anos mais jovem. Eu sou um incompetente.
  Só gostaria de poder reiniciar de alguma maneira. Sinto-me preso a esta situação. Sinto-me preso ao fracasso. Não sei se trocar de cidade, amigos, rotina... Não sei se fugir da atual realidade possa me ajudar. Talvez possa. Já me ajudou algumas vezes. Embora eu tenha conseguido destruir de maneira abominável as boas oportunidades que surgiram da ultima vez.
  Estou em um ponto no qual tenho vergonha de fazer amizades ou até mesmo conversar com as antigas. Dizer que meus últimos dois anos foram uma merda e, que continuo o mesmo imbecil de sempre, vacilando nos mesmo erros, e estou sendo superado de maneira ridícula por pessoas que já me consideraram algum modelo de referencia.

Nota #05

Estava escutando AC/DC e então me lembrei da canção “Sin City”, do disco “Powerage” – que é um disco fantástico. Analisando a letra desta canção pensei na novela de Frank Miller que tem o mesmo nome da canção. E como uma coisa leva a outra, eu fui levado a ler sobre Frank Miller e seu trabalho. Ele tem um estilo sombrio que lembra do “film noir”.
Filme Noir, eu diria que é um estilo cinematográfico da década de cinquenta. Sua base se encontra na literatura norte-americana dos anos vinte e anos trinta. Especialmente romances policiais. Personagens em um mundo antipático.  Um detetive, uma mulher sexy de personalidade suspeita e uma trama de suspense, armadilhas... Enfim, creio que todos entendem este estilo. Pessoalmente eu o entendo mais como um estilo visual: ambiente sombrio, imagens preto e branco, personagens de moral ambígua, fumantes, homens com perfil de mafiosos... Mas, onde eu quero chegar?
Quero chegar que me parece ser um território a ser explorado. Pareceu-me algo inspirador. Mas apenas pareceu, porque não consigo enxergar nenhuma circunstancia a ser narrada ainda. Estou em uma crise de inspiração. Graças a minha própria estupidez.
O que pode interromper a imaginação criativa de alguém?!
A minha pode ser interrompida pela minha realidade. Ou melhor, por uma realidade que eu já vivi e tenho medo de reviver. Senti-me como alguém que andou quilômetros, investiu todo seu esforço e no fim se encontrou em um circulo. Acabou retornando ao ponto inicial.  Uma merda.
Preferiria beber meu próprio mijo a ter que voltar ao ponto inicial.
Outro dia eu conto mais sobre esta minha frustração. Agora vou dormir porque estou cochilando e incapacitado de continuar...

Nota #04

Poderia jurar que só havia três tipos de pessoas que iriam no bar em uma segunda feira: 1)aniversariantes 2)amigos de aniversariantes 3)eu. Sendo que somente EU saía de lá tropeçando.
No entanto hoje descubro que existe um quarto tipo de pessoa. Os casais. Sujeitos que marcam encontro (esquema) na segunda-feira. Em toda minha vida, nunca ouvi falar de encontros na segunda-feira. Mas presenciei um hoje, ACREDITEM.
Eles (o casal) sentaram-se a uma mesa bem ao lado da minha. É, eu estava sozinho, depois explico por que. E cá entre nós, a garota tinha uns peitões incríveis - me imaginei chupando aquele peitos, que loucura! Fiquei rezando para que o rapaz fosse ao banheiro e deixasse a menina só, mas isto não aconteceu. De repente notei que o assunto deles era extremamente broxante. Percebi que não estavam se pegando, mas que a garota estava muito fácil. No entanto, o rapaz estava mantendo um assunto nada romântico. Não rolaria nada com aquele assunto. Eu até contei o tempo: mais de quarenta minutos vagando por assuntos estúpidos. Até que não deu mais, a cerveja pesou e precisei ir ao banheiro descarregar o excesso de líquidos. Quando retorno, os dois estão no maior clima, agarrados.
Alguém pode me explicar o que aconteceu?
Fiquei imaginando o assunto “pré-beijo”:
-poxa, hoje meu chefe me pediu três cópias daquele formulário tal. Você quer me beijar?
E então se beijam, assim, do nada.
Ainda estou intrigado com tal acontecimento. Se alguém tiver uma explicação, eu agradeço. 
Não, eu não sei o que os outros caras falam para as meninas. Nunca rola este tipo de conversa entre nós. Quando eu tinha quinze anos questionei a um amigo sobre isso e ele respondeu:"Eu falo besteira". Se alguem me perguntar, vou dar a mesma resposta. Eis um assunto que os homens não compartilham. Ha-ha-ha. 
Mas...

Nota #03

É curioso o fato que as pessoas sempre tratam seus problemas como os maiores. Cada um imagina que seu problema é extremamente maior que os problemas dos outros. Você tende a pensar que ninguém sofre tanto quanto você e que ninguém é tão miserável.

Mas adivinhe só. Seu problema não lhe torna inferior aos outros. Não, você não é menos importante por causa de seus defeitos. Muito pelo contrario: quanto maior o problema que você superar, significa que mais forte você se torna. O sofrimento de hoje tende a tornar-nos mais adultos amanhã. A não ser que você ser uma eterna criança mimada. Algum tipo de pessoa estupida que não tem a mínima noção do que é ser humano. Porque são nossas dores que nos humanizam, que nos fazem entender as outras pessoas.


 


Nota #02

Eu não gosto das pessoas. 
Eu não sou bonito e nem simpático com as pessoas, elas que se fodam.
Eu acho que escritores também não gostam de pessoas. E pessoas que enchem a cara não ficam anunciando que o fazem. Não vejo qual o orgulho em dizer que é um bêbado.
O pai de um amigo bebia pra caralho e ninguém gostava dele. Ninguém gosta de bêbados. Mas os pirralhos que vem de uma boa família, que nunca enfrentaram estes tipos de problemas imaginam que é divertido ter um bêbado em casa.
Não é.
Mas pouco me importo com isso. Eu só gostaria de comer uma ninfeta. Eu gostaria de comer uma patricinha toda gostosinha e cheirosinha, mas não tenho competência para isso. Eu não sou simpático o suficiente e também não sou divertido. De qualquer maneira acho que não teria paciência com seu comportamento mimado.
Então foda-se.
Conheci algumas garotas dignas de casamento, mas me deixaram. Elas me deixaram provavelmente porque eu não era homem o suficiente para elas. Sou apenas um babaca introvertido e viciado em sexo. Quando estavam comigo eu só queria foder, o que mais vou fazer com uma garota que está saindo comigo?! Conversar?! 
Foda-se!
Conheço gente demais querendo conversar.
Sou um cara que não gosta de beber, mas que bebe até cair. Nunca disse e nem direi “estou com sede, preciso de uma cerveja”.  Isso é estúpido. Bebo para poder me agüentar. Bebo porque não tenho paciência comigo mesmo. Eu sou uma criatura irritante e, tenho que me tolerar. E é por isso que evito beber, porque quando começo eu quero esquecer que existo. Beber socialmente é um privilegio de pessoas que gostam de si mesmas. 
Quando estou bêbado, não me odeio tanto.

Nota #01


Ela pode não ser a garota dos seus sonhos, mas com certeza você sonha em dormir com ela. Pode não ser a garota mais gostosa da cidade, mas com certeza daria uma boa noite de prazer.
O pior não é o fato de não comê-la, mas o fato de saber que outro cara está comendo ela.
E pior do que levar um fora, é ser tratado como um amigo assexuado, sendo que você fica de pau duro a cada vez que olha para aquela bunda fantástica.

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desculpem pelo tempo “off”, mas devido a alguns problemas problemáticos eu precisei pausar a publicação de contos.

Eu estava interessado em participar de concursos literários e, como a maioria exige ineditismo eu não poderia mais publicá-los. O que pareceu uma grande ideia. Errado. Além de inéditos, não podem ter alusões a sexo ou palavras chulas. Ou seja, deu na mesma merda. Então volto a publica-los aqui.

Isto se trata de uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.