Nota #07


Às vezes tudo o que me resta é escrever. Às vezes preciso fugir para alguma dimensão. Para algum lugar dentro de minha imaginação, um lugar onde faço as coisas se acertarem e que eu possa gostar das pessoas. Onde eu possa manipular os resultados, os acontecimentos.
Eu não gosto das pessoas. Elas tendem a ficar tentando me interpretar, me lendo, me adivinhando ou, me classificando em algum padrão do qual eu nunca admiti. As vezes, eu não quero conversar com ninguém, não quero escutar a voz de ninguém. Ficar sozinho me revigora. Dê-me algumas horas de solidão e retorno uma nova pessoa. Isto não é mau humor, é apenas uma espécie de cansaço. É como estar em uma peça de teatro improvisado e você cansa do seu personagem. Você precisa sentar e voltar a ser você mesmo por alguns instantes, e depois retornar ao personagem. Mas isto, nunca deve ser feito diante do publico. É preciso fechar as cortinas e voltar ao camarim.

Espelhos e Calcinhas


- E aí Pedrão? Trouxe espelhinho?
- Sim, eu trouxe três.
Sorrisos se abriram. Pedrão, Oliver e Julinho... O trio que tocava o terror na quinta serie. Não eram os piores, mas toda semana surgia uma ideia nova. Desta vez era o espelhinho. Durante o recreio a gente põe o espelhinho no peito do pé e vê as calcinhas das meninas, planejavam... Num tempo em que ninguém ainda havia tido a infeliz ideia de por shorts por baixo...
- Vocês viram a calcinha da Andressa? Caralho, a calcinha dela está na soca, nem aparece direito de tão cavada...
- Eu vi a calcinha da Michele... Calcinha enfeitada de ursinhos... Eu disse pra ela que adoro ursinhos, mas ela não entendeu. E a outra Michele, vocês viram? Ela tem a maior bunda da turma!
- Eu já vi de todas. – Pedrão ri. – vocês são muito medrosos! Tem medo de chegar perto delas.
- Ei Pedrão. Por que você não vai às meninas da oitava serie?! Quero ver se você tem coragem de ir lá.
- Eu vou mesmo! Quer apostar? Cinquenta bolinhas de vidro.
- Aceito. Eu duvido!
Lá se foi Pedrão para o outro lado do pátio, mostrar sua ousadia. Oliver e Julinho acompanhavam a distancia...
- Nossa, ele foi mesmo...
- Acho que ele vai apanhar delas... Elas vão descobrir...
De repente um alvoroço. Gritos de meninas. Tarado, sem-vergonha, algumas xingam... Então aparece Pedrão correndo com tudo do outro lado do pátio. Se pegarem ele vai assinar o livro negro pela terceira vez; Isso é mal; dizem que a gente pode até ser expulso depois que assina o livro três vezes. E continua correndo.
Pedrão tropeça em um degrau de calçada e caí de peito e cara no concreto. Quem vê aquele corpo arrastando-se alguns centímetros no concreto sente até um calafrio. Seu corpo fica imóvel, desmaiado... Uma pequena poça de sangue se forma. Pode-se ver um corte profundo na testa de onde jorra sangue e um corte feio nos lábios. Os alunos formam um circulo ao redor de Pedrão desmaiado. Quando a ambulância chega e o põem na maca, pode-se ver que suas mãos estão esfoladas e a parte frontal de sua camisa rasgada mostra o peito com a pele arrancada. Seus joelhos estão em carne viva.
No hospital recebe visitas.
- Poxa, que vacilo cara.
- Pois é. A gente se sentiu culpado por você. Por você saiu correndo daquele jeito?
- Sei lá. – fala com dificuldade devido ao corte na boca. – elas me pegaram no flagra. Eu fiquei desesperado e sai correndo...
- Que coisa hein?! - diz Oliver. – lembra-se daquele dia que a Daiane me pegou? Levei uma tapa tão forte nas costas que fiquei sem folego o resto do recreio!
- É mesmo! – todos riem.
Silencio. Não sabem o que falar. Sentem-se desconfortáveis.
Pedrão desabafa:
- Pelo menos não tive que assinar o livro negro outra vez.

Deja Vu...


Uma destas cidadezinhas no meio do nada. Cercada de cactos, areia e seca. Uma parada para matar a sede do cavalo e talvez comprar outra garrafa de bebida. Lugar pacato. Pessoas simples tentando sobreviver contra a hostilidade da natureza.

Entro em um provável bar, ou mercearia, ou seja lá o que for, tinha de tudo ali. Peço uma bebida e pergunto sobre onde poderia conseguir um banho e hospedagem por uma noite...


 Ainda não havia anoitecido, mas o sol já estava se pondo após um longo e quente dia. Saio à porta do bar e, vejo a minha frente aquela mulher. Uma mulher no mínimo diferente. De uma beleza tão simples e natural que me enfeitiçou. Estava com um vestido velho que parecia ser feito de trapos; o vestido era de uma cor encardida. Cabelos e olhos negros, sua pele um pouco castigada pelo sol, jovem e de uma feição quase perfeita. Seu cabelo solto ao vento causava-me qualquer sensação de espontaneidade que não via em outras mulheres. Trocamos olhares... Confesso que neste momento senti como se já a conhecia. Aquele olhar não era estranho para mim. Mas conheceria alguém deste fim de mundo?

Estas pessoas provavelmente nunca viajaram na vida... Ela apenas baixou os olhos e continuou caminhando com suas trouxas de roupas sob o braço. Apenas crianças encardidas brincavam pela rua. Outras carregavam um balde de agua para suas casas. Agua que buscavam em um poço fora da vila.

Comecei a segui-la. Seus quadris moviam-se harmoniosamente. Estava com os pés descalços, mas isso lhe deixava mais encantadora ainda. Entrou em uma das casas de madeira. Grande por sinal. Entrei no armazém a frente da casa. Comprei um doce qualquer, sentei-me a porta e esperei alguns minutos. O vendedor já havia ido para os fundos. Estava tudo muito calmo. Apenas vozes de crianças brincando ao longe.

Decidi bater à porta. Vá para o inferno, uma voz de mulher grita. Então arrombo com um chute, mas sem quebra-la. Entro e fecho-a. Vejo-a se masturbando em um canto da casa. Espero por um grito... Mas não grita. Em silencio, com a respiração ofegante olha-me com cara de safada sem parar o movimento de sua mão. Seus cabelos molhados indicavam que ela acabara de sair do banho. O que me pareceu uma surpresa. Ela de fato não pertencia àquele lugar. Mesmo disfarçando e tentando parecer tão humilde quanto os demais habitantes.

Caminho em sua direção:


- Saia daqui, seu filho de uma puta! – agora grita.


Dou-lhe um tapa na cara e, ela cai da cadeira.


- Puta!


Levanta-se. Puxo-a pelos quadris e lhe dou um beijo. Ela se envolve e pede mais. Empurro-a e vou ao armário me servir de conhaque que viro em apenas um gole enquanto ela caminha para outro cômodo da casa.


- Você me esqueceu! – ela grita. – Continua o mesmo canalha de sempre.


- E você me largou pra morrer! – Penso alguns segundos, porque na verdade ainda não me lembro dela. – O que você está fazendo aqui? Não há muitos homens ricos para serem enganados nesta cidade. Se é que posso chamar de cidade.


Imagino que seja uma golpista que tenha conhecido em outra cidade.


- Estou casada...


Dou uma gargalhada.


- Mas sinto sua falta...


Pego-a pelos cabelos, rasgo seu vestido a partir da gola e descubro que não usa roupas intimas. Seus seios eram firmes e arredondados. Parecia moldada a mão. Chupo seus peitos, beijo-a novamente enquanto aperto sua bunda, a jogo sobre a cama. Como pude esquecê-la? Talvez nunca a tenha visto nua.

Quando estou me vestindo, ouço passos...

Alguém entra.


- É meu marido!


- O que? Vou mata-lo.


- Não! Eu gosto dele.


- Tudo bem!


Coloco o chapéu, engatilho as pistolas e saio pela porta da cozinha. Ela colocou outro vestido encardido. Sem roupas intimas.

Acendo um cigarro e caminho em direção ao bar quando me aparecem estes dois sujeitos: um velhote barbudo com cara de sacana mascando fumo e um cara novo de barba feita. Parecia um rostinho de mulher com aquela pele lisa. Ele tinha um sorriso imbecil. Senti vontade de avançar e esmurrar os dois, principalmente o mais novo. Mas estavam armados. O que mudava toda a situação.


- O que você estava fazendo na casa do...? – pronunciaram um nome que não me lembro.


- Não é da sua conta, pirralho! Vá brincar com suas bonecas. – disse meio irritado.

O velhote se pôs a minha frente me impedindo de continuar. Isto me irritou. Poxa, não poderiam apenas deixar-me seguir meu caminho?


- Acho que vou atirar no seu filhote ali... – o velhote riu.

Fique a vontade. - e começou a gargalhar de novo.


- Virei-me para o imbecil. Ele já estava com um revolver a mostra.


- Vai me matar, viajante?

Pôs a mão sobre o revolver, mas rapidamente puxei o velhote como escudo, peguei sua própria arma e atirei. Então sai caminhando em direção ao bar deixando dois corpos no chão. Em poucos minutos o vento lhes cobriria de poeira. Bom, na verdade o velhote estava só desmaiado de susto. [Vai entender estes valentões de hoje em dia!]


Volto para a casa dela e sou surpreendido com um sujeito apontando uma arma para mim. Movido pelo próprio susto, torço sua mão com a arma e com a sola do pé em seu peito empurro-o de modo que ele cai deitado ao chão. Mal deu tempo para me abaixar e uma sequencia de tiros em minha direção. Eu pulo para fora da casa e disparo para algum abrigo próximo.

Poxa, imaginei que ela fosse a vitima. Na verdade, agora sua cara de brava fez eu me lembrar de uma garota. Mas não é algo certo. Eu matei seu cavalo, mas nem foi de proposito e ela disse que vingaria. Na época eu fugi porque ela estava furiosa, mas então acabei esquecendo. E, já se passaram dois anos. O problema deste mundo é que as mulheres, em sua grande maioria, são vingativas – eu já havia até esquecido desta cagada. Então a reencontro mais linda que nunca e ela tem que me lembrar disso. Ou não, talvez seja só outra maluca que eu tenha conhecido posa aí.

Eu só gostaria de saber por que ela está em uma cidadezinha tão humilde fingindo-se de pobre. Mas não pretendo voltar lá para perguntar. Pelo contrario, eu vou fugir de novo. Não costumo agredir mulheres, mas também não vou esperar que elas me amem mais por isso.


Encontro três meninos e dou-lhes uma nota de cinquenta para cada. Explico-lhes a situação e espero que levem minhas coisas do hotel para fora da cidade, onde vou esperar. E prometo mais cinquenta de cada depois que me entregarem as coisas. Pode não parecer, mas estamos falando de muito dinheiro.

Inexplicavelmente, eles conseguem. Trouxeram todas as minhas coisas. Paguei-lhes a outra parte e imediatamente saltei sobre o cavalo disparando em direção ao sul. Não perderia meu tempo questionando sobre como conseguiram.


Eis mais um acontecimento que ficou confuso para mim também. Narrei os fatos como me lembro de que aconteceram, mas talvez eu tenha me enganado em algum detalhe. E, existem questões que eu também gostaria de ter as respostas. Acredite se quiser, mas a parte onde conto a que sobrevivi é verdadeira.


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Primeiro Encontro




Liguei pra Vivi e marcamos um reencontro. Eu, ansioso. Ela é uma garota incrível, pelo menos pra mim. Adoro o seu olhar e o seu sorriso... Ah, o seu sorriso! Isto me deixa quase hipnotizado. Cabelos escuros, mas ela sempre varia de azul, vermelho, marrom... Bom eu não entendo destas cores; pra mim são sempre escuros. E o que eu mais gosto nela é: Ela. Sua personalidade e seu comportamento são algo que me fascinam. O único problema sou eu. Não sou nenhum galã. Muito pelo contrario. Nem gosto de me descrever, pois me acho... Diríamos fora dos padrões e meio desajeitado. Mas isto não importa...
Coloco uma roupa nova; hoje é especial: é nosso primeiro encontro marcado; vou passar em sua casa e, provavelmente terei a inevitável oportunidade de conhecer seus pais. Quero causar uma boa impressão. Confesso que me sinto um pouco nervoso, mas não é sempre que uma menina tão, tão... Especial, se interessa por mim. Até comprei um paletó. Um paletó usado, claro, mas em bom estado. Uma gravata preta e sapatos lustrados. Acho estranho porque não tenho o habito de andar engomado. Comprei perfume também. Na verdade é desodorante, porque perfume mesmo é muito caro.
Passo na oficina que fica há umas duas quadras de casa pra pegar o carro. Tenho um fusca azul escuro que comprei há alguns meses por um preço bem razoável: quinhentos reais! Esta é a primeira vez que me deu problemas mecânicos. Eu gostaria de entender de motores para economizar com estes gastos. Aproveitando a oportunidade, eu pedi para que fizessem uma limpeza interna, já que tem uma lavação ao lado da oficina. Eles botaram até perfume no carro. Desde que comprei, ainda não havia experimentado tamanho luxo. O bichão está prontinho pra noite. O único problema é que as travas da porta ainda estão com problemas, então eu preciso tirar o volante sempre que saio. Tiro o volante e escondo sob o banco. Isto me dá um pouco mais de segurança. É melhor do que ter de voltar pra casa a pé. Falando nisso já lembrei: vou aproveitar pra colocar uns 10 contos de gasolina. Vão sobrar 80 para o resto da noite.
Ate compraria flores, mas se fizer isso eu vou ficar sem dinheiro.
Puta que pariu! Rosas são mais caras que gasolina!
Na pracinha da prefeitura tem flores, mas são muito feias. Vou roubar em algum quintal... Poxa, tenho ate fita adesiva no porta luvas para preparar o buquê... espero encontra-las.
Por sorte passo em frente a uma casa fechada e sem cercado. Um jardim bonito. Escolhi algumas flores que achei mais bonitas e corri para o carro que estava uma quadra adiante. Confesso que sentia um frio na barriga. Roubar flores não é uma das coisas mais bonitas a se fazer. Peguei alguns galhos de folhagens verdes para dar mais volume ao “buquê”, passei a fita e ficou prontinho. Quase perfeito. [Eu disse: QUASE.].

Estaciono em frente a sua casa. Cercada por grades na frente, há um bonito gramado no jardim, também florido, que deve ser uns trinta centímetros acima da calçada. Casa de dois pisos, grande. Fico até meio constrangido de estacionar um fusca em frente da casa. Sei lá, é estranho. Comparada a minha casa, é uma mansão e também ela deve ter pretendentes ricos. O que me provoca um pouco de insegurança... Pego a garrafa de conhaque no banco traseiro e bebo um ou dois tragos pra aliviar a tensão. Espero alguns segundo e pronto: sinto meu rosto quente, os músculos relaxam, a ansiedade diminui... Cato mais umas flores no seu próprio quintal pra “embromar” mais o buquê... Antes mesmo que eu toque a campainha ela já está abrindo a porta toda sorridente. Deu um frio agora, espero que não tenha me visto roubando flores no seu quintal...
Esta com um vestidinho curto de alças, florido e leve. Simples, mas muito elegante [e sexy, também.]. Eu gostaria de elogiar isso... Não sei como... Então apenas entrego as flores. Ela me abraça calorosamente como se estivesse com saudades e eu já fico de barraca armada, mas tento disfarçar. Seu perfume é delicioso.
- Que bonitas! Parecem com aquelas plantadas no quintal do meu tio, a umas duas quadras daqui. – Eita porra, que coincidência não tem limites mesmo. Fui roubar logo da casa do tio dela. E ainda larga uma gracinha:- Você não roubou de lá, né?! – risinhos.
- Não. Imagine...
- Quer entrar? – convida toda receptiva. Tento recusar, mas sua mãe aparece e insiste também. Acabo por entrar e me acomodar no sofá em frente a TV. Sua mãe vai a cozinha e nos deixa a sós nesta sala. Que merda! Gostaria de voltar correndo no carro e beber mais uns goles... Faço algumas perguntas superficiais e depois ficamos em silencio. Ela também está nervosa, diz que vai por as flores em alguma botija com agua, digo que está tudo bem e então me deixa com a TV. Eu contaria como nos conhecemos, mas isto não seria muito interessante. E antes que perguntem, sim, já nos beijamos. Mas agora é diferente, parece que estamos apenas iniciando algo.
Assim começou esta noite. Uma garota que lhe aprecia. Creio que nada seja mais satisfatório a um homem do que sentir-se desejado pela garota a quem está cortejando...


Boceta...





Era tudo que Antônio pensava. Estava há semanas sem comer ninguém e agora tudo o que ele queria era comer uma ninfetinha... Nem precisa ser muito bonita, basta ser novinha, Antônio pensava consigo. Mas também não pode ser gorda e nem muito alta... Sua imaginação não parava. Tem que ser uma ninfeta com cara e corpo de ninfeta, né.
Antônio com seus trinta e poucos anos, não era um cara muito intelectual. Na verdade, não passava de um babaca. Em seu emprego medíocre, era um puxa-saco filho da puta. Seus colegas de trabalho o odiavam devido a sua mania de dar ordens as pessoas. Gostava de fazer confusão por pouca coisa. Ingrato. Apelidava seus colegas novatos... E gostava de tirar sarro dos outros por motivos banais.
Michele não sabia destas características de Antônio. Na verdade, ele foi muito legal com ela. O interesse transforma as pessoas. E um filho da puta que não se importa com ninguém, acaba por torna-se a simpatia em pessoa... Por uma foda.
Michele não era tão bonita. Mas tinha suas qualidades. Qualidades que eu não pretendo relatar, pois meu objetivo é demonstrar o quão filho da puta uma pessoa pode ser. Não se trata de um conto erótico. E Michele caiu na “graças” de Antônio, e consequentemente perdeu metade de seu valor moral quando os “amigos” de Antônio souberam isso. Pois se envolver com caras como este é uma das coisas que faz uma garota perder a moral e ser tachada como vagabunda.
Então eu me pergunto:
O que filhos da puta como este pensam ao foderem com a vida dos outros?!
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->>>>então vc pensou q se tratava de um conto erótico, né?! outro dia talvez. e em outro site....
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OBRIGADO.